
“A literatura, como Proteu, troca de formas, e nisso está a condição de sua vitalidade” (Machado de Assis)
Gostaria de saber por exemplo que ele nunca saiu do Brasil?
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a) “Eu sou um peco fruto da capital, onde nasci; vivo e creio que hei de morrer, não indo ao interior senão por acaso e de relâmpago, mas compreendo perfeitamente que prefira um campo a esse misto de roça e de cidade”.
(Carta à José Veríssimo, 1 de dezembro de 1897).
b) “Creio que nenhum dos meus contemporâneos deixou de ir ver terras alheias e diversas, onde a arte lhe deparasse vistas antigas e recentes, e costumes tão diversos destes. Só eu fiquei pegado à terra natal”.
(Carta a Magalhães de Azeredo, 5 de novembro de 1900).
Suas opiniões sobre a política?
a) “Em nosso país a vulgaridade é um título, a mediocridade um brasão...”
(“Comentários da semana”, Diário do Rio de Janeiro, 1 de novembro de 1861).
b) “Eu quisera uma nação, onde a organização politica e administrativa parassem nas mãos do sexo amável, onde, desde a chave dos poderes até o último lugar de amanuense, tudo fosse ocupado por essa formosa metade da humanidade. O sistema político seria eletivo. A beleza e o espirito seriam as qualidades requeridas para os altos cargos de Estado, e aos homens competiria exclusivamente o direito de votar”.
(“Comentários da semana”, Diário do Rio de Janeiro, 21 de novembro de 1861).
“Defender o código em novembro e desfeiteá-lo em março, abraçar a lei na quinta-feira e manda-la à tábua no domingo e isto sem gradação, mas de um salto, como se muda de sobrecasaca, é um fenômeno curioso, digno da meditação do filósofo”.
(“Notas semanais”, O Cruzeiro, 18 de agosto de 1878).
c) “A liberdade não é surda-muda, nem paralítica. Ela vive, ela fala, ela bate as mãos, ela ri, ela assobia, ela clama, ela vive a vida”.
(“A Semana”, Gazeta de Notícias, 27 de novembro de 1892).
Sobre livros e leituras:
a) “Pode dizer-se que o nosso movimento literário é dos mais insignificantes possíveis. Poucos livros se publicam e ainda menos se leem. Aprecia-se muito a leitura superficial e palhenta, do mal travado e bem acidentado romance, mas não passa daí o pecúlio literário do povo”.
(“Comentários da Semana”, Diário do Rio de Janeiro, 27 de março de 1862).
b) “Respiremos, amigos; a poesia é um ar eternamente respirável”.
(“A Semana”, Gazeta de Notícias, 23 de abril de 1893).
c) “A literatura, como Proteu, troca de formas, e nisso está a condição de sua vitalidade”.
(“A Semana”, Gazeta de Notícias, 12 de agosto de 1894).
d) “É difícil dizer quando uma arte nasce; mas basta que haja nascido, tenha crescido e viva. Vive, não lhe peço outra certidão”.
(“A Semana”, Gazeta de Notícias, 13 de dezembro de 1896).
Sobre o ofício de escrever:
a) “Em que peca a geração presente? Falta-lhe um pouco mais de correção e gosto; peca na intrepidez às vezes da expressão, na impropriedade das imagens, na obscuridade do pensamento”.
(Notícias da atual literatura brasileira – Instinto de nacionalidade”, O Novo Mundo, 24 de março de 1873).
b) “Cumpre ter ideias, em primeiro lugar; em segundo lugar expô-las com acerto; vesti-las, ordená-las, a apresenta-las à expectação pública. A observação há de ser exata, a facécia pertinente e leve; uns tons mas carrancudos, de longe em longe; uma mistura de Geronte e de Scapin, um guisado de moral doméstica e solturas da rua do Ouvidor...”.
(“Notas Semanais” O Cruzeiro, 4 de agosto de 1878).
c) “Com os anos adquire-se firmeza, domina-se a arte, multiplicam-se os recursos, busca-se a perfeição que é a ambição e o dever de todos que tomam da pena para traduzir no papel as suas ideias e sensações”.
(Carta prefácio a Eneias Galvão, 30 de julho de 1885).
d) “O melhor estilo é o que narra as coisas com simpleza, sem atavios carregados e inúteis”.
(“A Semana”, Gazeta de Notícias, 9 de junho de 1895).
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